As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras começaram o ano com um desempenho positivo, com alta de 11,5% no faturamento do primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs).
O resultado é impulsionado por diversos fatores, dentre eles a resiliência do mercado de trabalho (favorecendo o consumo), a queda da inflação e a normalização das cadeias globais de produção, segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie.
Criado em 2022 pela Omie, empresa de software de gestão para PMEs, o IODE-PMEs funciona como um indicador da saúde econômica das empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões. O índice monitora o desempenho de 678 atividades econômicas distribuídas em quatro setores principais: comércio, indústria, infraestrutura e serviços.
Veja o desempenho por setor:
• Indústria: As PMEs do setor industrial registraram um crescimento de 15,6% no primeiro trimestre, impulsionadas pela demanda doméstica e pela normalização das cadeias de produção.
• Serviços: O setor também apresentou um resultado positivo, com alta de 8%, favorecido pelo aumento da renda e pela redução da inflação.
• Comércio: Após um ano desafiador em 2023, o setor de comércio retomou o crescimento no primeiro trimestre de 2024, com alta de 4,6%. Esse resultado foi puxado principalmente pelo “Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas” (+36%) e pelo “Comércio atacadista” (+3,5%).
• Infraestrutura: As PMEs do setor de infraestrutura também apresentaram melhora no primeiro trimestre, com crescimento de 5,9%. O destaque ficou para as atividades de “Serviços especializados para construção”, “Captação, tratamento e distribuição de água” e “Descontaminação e outros serviços de gestão de resíduos”.
Índice projeta crescimento de 4,3% para 2024
Com base na performance do IODE-PMEs no primeiro trimestre, a estimativa é que o setor de PMEs cresça 4,3% no ano de 2024 como um todo, em comparação com 2023. O economista Felipe Beraldi explica os fatores e desafios para o crescimento, veja abaixo.
Confira os fatores que podem impulsionar o crescimento:
• Resiliência do mercado de trabalho: A taxa de desocupação se mantém em um nível relativamente baixo (o desemprego está em 7,8%), o que contribui para o aumento da renda das famílias e, consequentemente, do consumo.
• Redução da inflação: A inflação vem desacelerando nos últimos meses, chegando, em março, a 3,93% no acumulado em 12 meses, o que também contribui para o aumento do poder de compra das famílias.
• Normalização das cadeias globais de produção: A normalização das cadeias globais de produção reduz os custos das empresas, o que impulsiona a competitividade e o crescimento.
• Redução da taxa de juros: O mercado espera pela queda da taxa Selic até o fim de 2024, o que deve estimular o consumo e os investimentos.
Para o segundo semestre de 2024, a perspectiva é de desaceleração, em relação ao desempenho recente. A expansão do mercado de PMEs deve ser sustentada pelas atividades de Serviços.
Veja os desafios e perspectivas para o segundo semestre:
• Pouco espaço para crescimento do mercado de trabalho: O mercado de trabalho está em um nível próximo do pleno emprego, o que limita o potencial de crescimento do consumo.
• Necessidade de ajuste fiscal: O governo federal precisa ajustar as contas públicas, o que pode levar à redução de programas de incentivo à renda.
O IODE-PMEs é um indicador novo no mercado brasileiro. O índice é elaborado pela Omie a partir de dados agregados e anônimos de movimentações financeiras de mais de 200 mil clientes da empresa, provenientes de todos os estados do Brasil.
Adele Robichez/Estadão Conteúdo